Oi, bem vindo. Sinta-se em casa! Sente no nosso banquinho, aprecie as flores e as borboletas, espero que goste dos textos, da visita...e que retorne!
Quando eu for, um dia desses, poeira ou folha levada no vento da madrugada, serei um pouco do nada invisível, delicioso que faz com que o teu ar pareça mais um olhar...
Mário Quintana
Friday, December 23, 2005
Pés descalços
Paralisado e maravilhado diante daquela árvore de natal gigantesca, o menino de pês descalços, não sabia para onde olhar, eram tantas luzes piscando, como se fossem milhares de vagalumes na noite da floresta. E a vitrine de brinquedos? Cada um mais lindo que o outro. O robô era o incrível, andava em passos desajeitados e de vez em quando falava, ele não conseguia ouvir o que o robô falava atrás da vitrine, mas percebeu que poderia ter um amigo para conversar, para não sentir tanto medo nas calçadas por onde dormia ao relento, e quem sabe, falar da fome que andava sentindo. Pra que ele foi lembrar da fome? Estava tão entretido com a beleza das lojas, que se aprontavam para o natal, que até esqueceu daquela dor que incomodava a sua barriga...já nem se lembrava da última refeição. Tinha que andar, tinha que conseguir algo para comer. Foi diante do grande Outdoor, com a imagem de uma mulher muito bonita, que segurava em seus braços um menino lindo, que ele ficou parado, e lembrou do seu maior sonho. Mais do que os brinquedos lindos, as luzes coloridas, a roupa mais bonita e até a comida mais saborosa, mais do que tudo, o menino de pés descalços sonhava em ter uma mãe, e lia bem no topo do cartaz: Ela quer ser a sua mãe. Infantilmente, dentro da sua inocência que ainda não havia sido roubada pela violência das ruas, uma lágrima rolou dos seus olhinhos apertados. Ficou ali um bom tempo, olhando para o rosto de Nossa Senhora, que carregava o menino Jesus, que como ele, não tinha sapatos, nem casa, mas tinha o que ele mais desejava: família. Ficou ali sem perceber que uma mulher de meia idade observava toda a cena e compadecida, se aproximou. Bastaram poucas palavras, e ela pegou na sua mão e levou-o para a sua casa, onde agora, 15 anos depois, o menino se prepara para a sua formatura na faculdade. Orgulhoso, se penteia diante do espelho, e não se assusta ao ver diante de si, o reflexo daquela imagem que um dia ele pediu para ter uma mãe, graças a ela, hoje ele tem mais do que uma casa, tem uma família, e pode dizer com alegria: Mãe, eu te amo.
Paulo Roberto Gaefke
Que o seu Natal seja completo, mesmo que vazio de bens materiais, preenchido pelo espírito de Jesus e sua mãe santíssima, que oferece o seu colo para todos.